Após a notificação de possíveis casos de intoxicação por metanol se tornar obrigatória, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) recebeu 43 encaminhamentos de quadros ligados a esse tipo de intoxicação no país na noite de quarta-feira (1º). Segundo o Ministério da Saúde, do total, 39 casos são de São Paulo (10 confirmados e 29 em investigação) e 4 (ainda em investigação) de Pernambuco.
Em São Paulo, foi confirmado um óbito comprovadamente causado por consumo de bebida alcoólica adulterada e outros sete seguem em investigação (cinco em SP e dois em PE). Por conta do atual cenário, a pasta instalou uma Sala de Situação para monitorar e coordenar as medidas a serem adotadas pelos órgãos de saúde.
– Estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país. A entrada da Polícia Federal no plano se deve à suspeita de envolvimento de uma organização criminosa relacionada à adulteração de bebidas – reforçou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Como funciona a sala de situação
Trata-se de um espaço no qual as informações em saúde serão analisada sistematicamente por uma equipe técnica para caracterizar a situação de saúde da população intoxicada por metanol.
Segundo o Ministério da Saúde, a equipe composta por representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, pelos conselhos Nacional de Saúde (CNS), Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Anvisa e as secretarias de Saúde de São Paulo e Pernambuco deve planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem adotadas neste momento de Evento de Saúde Pública.
A Sala de Situação é de caráter extraordinário e vai permanecer ativa enquanto persistirem o risco sanitário e a necessidade de monitoramento e resposta nacional à intoxicação por metanol após o consumo de bebida alcoólica.
Cenário atual
O total de casos registrados entre agosto até esta quarta-feira (1/10) acende um alerta. Até então, o Brasil contabilizava cerca de 20 casos de intoxicação por metanol ao longo de todo um ano, o que torna o atual cenário atípico.
A investigação dos casos em São Paulo está sendo conduzida pela Polícia Federal em conjunto com os órgãos de controle e vigilância, que já associam as ocorrências ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, segundo informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos comercializados. Aos consumidores, a orientação é evitar o consumo e compra de bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal.
Sintomas de intoxicação por metanol
O metanol é altamente tóxico e pode levar à morte.Os principais sinais e sintomas devido a intoxicação por esse tipo de substância são dor abdominal, visão adulterada, confusão mental e náusea que podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da substância. Ao apresentar sintomas, procure o atendimento médico no serviço de emergência mais próximo a sua casa para investigação diagnóstica e tratamento adequado. Já o profissional de saúde, deverá ligar para o CIATox da sua região para que o serviço de saúde faça a notificação e a investigação do caso.
A notificação imediata é fundamental também para garantir o cuidado adequado às pessoas. Assim que houver suspeitas, o profissional de saúde pode adotar as medidas mais apropriadas para casos de intoxicação por metanol. Também estimula a identificar onde o produto foi consumido para mapear os locais e acionar os órgãos de segurança.
O antídoto específico para os casos confirmados de intoxicação por essa substância é o etanol produzido por laboratórios ou farmácias de manipulação, em grau de pureza adequado para uso médico. A administração, intravenosa ou oral, é sempre controlada. Quando há necessidade clínica, o Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ou as secretarias de saúde solicitam a manipulação do produto.
O Brasil conta com 32 CIATox para orientação, diagnóstico e manejo de intoxicações, além de apoio à toxicovigilância e à gestão de risco químico.